Demorei algum tempo a tomar a decisão de escrever esta crónica porque ainda tinha alguma esperança que a situação política e económica americana mudasse e eu, em consonância, pudesse mudar de opinião.
Quando, em 2008, Barack Obama apareceu como um forte candidato a ganhar as eleições presidenciais nos Estados Unidos, fiquei entusiasmado com a nova figura que se apresentava, sobretudo após a passagem de George W. Bush, que se não tivesse sido real e bastante triste, seria burlesca e cómica.
Mas já nessa altura, o discurso fluído, possante e agregador de Obama fez-me lembrar o Eng. António Guterres. Obama, tal como Guterres, conseguiu motivar massas, elegendo-se em contraposição a uma liderança prévia desgastada, George W. Bush e Cavaco Silva, que não se propuseram a eleições, o primeiro porque não podia e o segundo porque achou melhor não o fazer…
Obama, tal como Guterres, é um homem de princípios, com dignidade e ética. O político que aparece nas sondagens como o tal a quem confiaríamos as nossas poupanças, se obrigatoriamente tivéssemos que escolher algum.
Obama, tal como Guterres, motivou uma grande maioria que sonhou com um dia de amanhã bastante melhor acreditando que os tempos iriam mudar, absorvendo expectativas demasiadamente elevadas.
Obama, tal como Guterres, falhou. Ambos sofreram de uma falta grosseira de liderança. Guterres levou Portugal ao pântano, ao qual ficamos entregues até hoje, com os resultados negativos a atingirem seu expoente máximo na semana que passou com a apresentação do Orçamento de Estado para 2012 (não que seus sucessores e predecessores não tenham também a sua quota parte de responsabilidade). Obama não consegue pôr ordem em Washington, DC e nem sequer tem o Senado, de maioria Democrática, a seu favor, que acabou de rejeitar a sua nova legislação para criação de emprego, tal como Guterres que nunca conseguir pôr ordem no seu partido e no país. Obama tentou imprimir uma nova postura nestas últimas semanas, mais agressiva e mais directa. Esqueceu-se, talvez, que uma das características mais importantes de um grande líder é a consistência. Mudar de atitude não o torna num líder melhor e só palavras não chegam para governar uma nação.
Os americanos que apoiaram Obama estão frustrados, decepcionados. Muitos já dizem que não voltarão a votar Obama por que a América precisa de um líder forte e Obama não o é. Para mal de todos nós. Talvez Obama, tal como Guterres, se consiga reeleger mas temo muito que deixe os Estados Unidos num pântano que acarretará uma factura enorme para o Mundo em 2 ou 3 anos. Não será melhor que perca já em 2012?
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